domingo, 22 de março de 2009

Amanhã

Até ontem eu era aquela coisa vazia
que não dizia nada com nada
vergada

Até ontem eu não era nada
não sei como eu pude
ser nada até ontem

Como eu pude agüentar ser um nada
Nada me transtorna mais
do que saber que até ontem eu era aquela coisa vazia
Nada me entristece mais do que saber que eu era tão vazio quanto o mais vazio dos vazios

Hoje eu acordei consciente
do meu passado branco
Hoje eu acordei no escuro e não tive medo
Hoje eu acordei no escuro e desenhei estrelas no céu do meu quarto
Hoje eu me sinto cheio de escuros e medos
Hoje eu me sinto cheio

Hoje eu me sinto cheio de tudo
Hoje eu me sinto de saco cheio
Não sei como eu posso estar tão cheio
Não sei como eu me deixei chegar a este ponto

Eu já não sei de mais nada
Não sei mais olhar pro céu e predizer o tempo
Não sei mais olhar nos olhos sem me comover
Não sei mais fingir que sei quando não sei
Não sei mais fingir que gosto quando não gosto
Não sei mais fingir que quero quando não quero

Eu já não sei como pisar nesta estrada
Alguém apagou o caminho de volta
Eu já não sei como pisar nesta estrada
Alguém apagou o caminho de volta

17 comentários:

Regina Carvalho disse...

As melhores estradas são estas, que nos indicam a ida,e não permitem a volta!
bj

Cynthia Lopes disse...

Suzana, comoventes e verdadeiros versos, parece que agora vc está pronta para recomeçar. bjs

Renato de Mattos Motta disse...

nesta estrada
em que estamos sempre
vazios e cheios
de tudo e de nada
o retorno é impossível,
a sinalização, duvidosa
e a única orientação
digna de fé
é a que nasce do coração

Regina Carvalho disse...

Tou com saudades!
não voltas ao blog?
bj

marcia cardeal disse...

Tem uma homenagem pra ti no sementeira... bjs

Anônimo disse...

...não volte, fique, vamos reescrever caminhos. Abraços poéticos. http://almalesma.zip.net

Cynthia Lopes disse...

Suzana, lindo esse seu jeito poético de falar do que há de mais humano nas pessoas. bjs

Razek Seravhat disse...

GOSTEI MUITO DESSE POEMA. MAS UMA DÚVIDA ME FAZ PERGUNTAR: O VERSO "MEU PASSADO BRANCO", NÃO É UMA SUTIL FORMA DE DISCRIMINAR? SE TIVER UM TEMPINHO ACESSE lenitivocultural.blogspot.com

Sergio Ma disse...

Oi,Suzana!!
Excelente blog!!
Fiquei bastante sensibilizado com a tua forma intimista de escrever,com criatividade e talento.
Gostaria de não ser inoportuno,e te pedir,se possível,me ajudasse na construção de meu 'blog de poesias' e avaliasse os conteúdos expostos...
Obrigado pelo espaço e atenção.

Pode me enviar por e-mail:sergio_ma1964@hotmail.com

Sergio ma.
Blog de poesias:'Poemando' -
http://poemandonanet.blogspot.com/

Anônimo disse...

Oi Suzana!
Sou sua leitora. Você tem talento e sensibilidade. Esperarei o quanto precisar para ler novamente suas crônicas, contos, o que vier!
Abraço e carinho da Fatima/Laguna

ítalo puccini disse...

suzana!
sempre bom passar por aqui.
teus escritos sensíveis.
fazia tempo...

como tens estado?

grande beijo!

Rafael Mantovani disse...

muito bonito

G.M disse...

As vezes é melhor não voltar e seguir outro caminho...
Adorei conhecer seu blog.
Um grande abraço.

Mônica Costa disse...

Belíssimo!!!

Mônica Costa disse...

Belíssimo!!!

Neudes de Lucena disse...

Visaitei seu blog e me encantei.Poemas expressivos e comoventes.Lindos, Lindos. Parabens. Passarei a visitá-lo com frequência, Estará entre os meus preferidos.

Alma partida disse...

Adorei Suzana...estou numa fase assim...em que não sei mais pisar nessa estrada!!bjs