sábado, 3 de dezembro de 2011

O primeiro poema da árvore

A árvore ouviu o poema das zebras
escrito por Bernardo Texugo
ouviu misturado ao vento
e ao zumbido de um inseto de olhos pontudos

Ouviu que as zebras iam sorridentes
o canto do vento dizia: vamos, vamos

As árvores não vão a lugar algum
os homens, por exemplo,
andam velozes sobre rodas
as zebras correm contentes

As flores caíram na boca dos crocodilos
flores cor de zebra, galopantes,
mergulharam na boca dos crocodilos
cor de sangue

Duas ou três escaparam
e em algum lugar do mundo
nasceram zebras vermelho-sangue

Poema construído como exercício durante a oficina com Carlito Azevedo, em Jaraguá do Sul. Inspirado no poema "A morte e as zebras" de Bernardo Atxaga. A intenção foi colocar a árvore como protagonista e também usar o elemento da metamorfose, trocando zebras por flores nas sensações da árvore.