A árvore ouviu o poema das zebras
escrito por Bernardo Texugo
ouviu misturado ao vento
e ao zumbido de um inseto de olhos pontudos
Ouviu que as zebras iam sorridentes
o canto do vento dizia: vamos, vamos
As árvores não vão a lugar algum
os homens, por exemplo,
andam velozes sobre rodas
as zebras correm contentes
As flores caíram na boca dos crocodilos
flores cor de zebra, galopantes,
mergulharam na boca dos crocodilos
cor de sangue
Duas ou três escaparam
e em algum lugar do mundo
nasceram zebras vermelho-sangue
Poema construído como exercício durante a oficina com Carlito Azevedo, em Jaraguá do Sul. Inspirado no poema "A morte e as zebras" de Bernardo Atxaga. A intenção foi colocar a árvore como protagonista e também usar o elemento da metamorfose, trocando zebras por flores nas sensações da árvore.