sábado, 20 de outubro de 2007

A fuga dos pássaros

gaivotas voando na noite
ou
lenços brancos despencando no mar

tão névoa, tão bruma
tão noiva
vestida de gaivota na pedra do mar
(altar)

não fui eu, não fui
grita o pássaro na noite
de uma garganta

as ondas bramiam na renda do vestido
salpicado de estrelas

pisavas descalça sobre o mar
levando o buquê de pássaros na mão

Antes, na festa

alguém gritou
jogue o buquê
jogue o buquê

foste ao quintal
(jogado o buquê de pássaros)

o menino, dono do viveiro, chorou

disseram em consolo:
não precisa mais limpar o viveiro
não precisa mais comprar alpiste
nem caruru, nem folhas de alface

quem iria desconfiar da noiva?

servia docemente o licor de figo
dentro da mais pura camélia branca

Um comentário:

Rubens da Cunha disse...

Oi, obrigado pelo link,
lindo teu blog, delicado como a sua poesia.

abraços
Rubens