sexta-feira, 12 de junho de 2009

Viajar é preciso - 2


SEGUNDO DIA - DOMINGO - 07/06/2009

Levanto da cama com a maior disposição, sem ressaca, receio de nada. Bom-dia, mundo, lá vou eu! Jurerê Internacional fica ao lado de Canasvieiras. De carro, ouvindo a Itapema FM. Curvas, prédios, sobrados, mar azul com triângulos brancos navegando em sua pele. As casas, em Jurerê, são mansões. Olhamos embasbacados para aquele luxo que não dói nos olhos. Não são do nosso gosto, nem saberíamos viver ou morar numa casa dessas. Medo de quebrar alguma coisa ou sujar, enfim, não me sentiria confortável. Os carros nas garagens são importados, até parece que não estamos no Brasil.

Decidimos deixar chinelos e tênis no carro e sair para caminhar na praia. O biquíni por baixo do agasalho (mulher prevenida vale por duas). Pisar na areia, olhar pra todas às direções, acima, ao lado, abaixo: céu, mar, caranguejos. Vamos, passos que te quero!

Domingo, que dia mais saboroso, segunda-feira combina com banana, domingo com morango. De repente percebemos os cavalos se aproximarem. E não eram poucos. Não me deixou feliz ver a cavalgada se aproximar. Os humanos vivem inventando moda. A faixa de areia da praia é estreita, não cabíamos nós e os cavalos, sentamos no muro de uma casa e esperamos, esperamos. Havia cavalo de toda cor. Acho que mais de cem passaram por nós.

Fomos. Voltamos e paramos na frente do restaurante em que deixamos o carro. Enquanto ele foi ver os preços e comprar uma água, despi-me do agasalho e me atirei na água gelada, mergulhei, nadei, fiz bolhas salgadas, me exibi pras gaivotas, pra duas borboletas que passaram, algumas fragatas e, quando ele entrou, saí para cuidar da bolsa, do dinheiro, dos cartões, do celular, dos milhares de grãos de areia, de um caranguejo do tamanho de um botão de roupa, de mim. Parei para sentir na pele o sol, as gotas, o sal. Parei para nunca mais esquecer.

Quando ele saiu da água encomendamos um petisco. Serviram a cerveja em taças, o copo faz a diferença, dava para ver o mar através do cristal. Pastéis de camarão, eu sei, só de lembrar fico com água na boca.

Mais tarde fomos tomar um chimarrão na Brava. Uma hora tomando chimarrão, tomando ondas nos olhos e marulho nos ouvidos, sorvendo devagar, verde, azul, caracol.

Só isso?

Na volta, deixamos o carro na pousada e fomos ver o pôr-do-sol de Canasvieiras, vinte minutos olhando o sol pegar fogo. Deus pegou fogo em mim, Deus me fez chorar e prometer que nunca mais vou passar tanto tempo sem ver outro e sem senti-lo em tudo que vejo.

Amém.


2 comentários:

Lágrima disse...

Deus esta em tudo que é lindo...
Deus esta dentro de nós...
Mas nós pecadores que somos...
Não enxergamos isso...

Cynthia Lopes disse...

Essa viagem interna foi ainda melhor! te religou a Deus, perfeito. bjs