sábado, 14 de fevereiro de 2009

Alma catarina
Semana passada escrevi sobre a bolsa Cruz e Sousa, que ainda não existe (olhem o meu otimismo, o “ainda” quer dizer que há esperança). Pra minha surpresa, recebi várias cartas, algumas de escritores que concordavam com a idéia da bolsa, outras de escritores me pedindo o endereço eletrônico do tal prêmio. Teve gente que me achou corajosa e teve quem me achou sonhadora.

Por conta daquela crônica, não sou uma coisa nem outra. Apenas penso a respeito das coisas que me rodeiam. Se acredito que o Estado tem condições de bancar algumas bolsas mensais de incentivo à produção de livros, por que não sugerir? O que iria temer dizendo isso? Cargo público só ganha quem é de algum Partido. Alguém ainda sonha que as coisas acontecem de outro modo? Não estou falando de cargos menores, para estes, de vez em quando até se nomeiam pessoas altamente qualificadas sem vínculo político. Tratando-se de primeiro escalão, todos são negociados politicamente, das Prefeituras ao Governo federal.

Quanto ao outro comentário freqüente nas cartas, por que não sonhar? Tudo nasce de um sonho, de uma idéia, da vontade. Escrever um romance, por exemplo, primeiro é um sonho (um dos maiores, porque o trabalho que vem a seguir tende a dar mais vontade de desistir, do que continuar). Reafirmo, sonho possível e próximo: o Estado reservaria uma verba para bolsas, outra para prêmios, e assim por diante. De maneira que a chama do sonho continuaria acesa.

Transformamos o sonho num projeto, como aqueles que nos solicitam pra tudo hoje em dia, principalmente tratando-se de cultura. O que nunca entenderei muito bem, é por que uns são escolhidos, outros não. Inclusive, fico me perguntando o que farão os pareceristas do Edital Elizabete Anderle para aprovar uns, em detrimento de outros, sem sequer pôr os olhos nas produções (tratando-se da categoria Publicações).

Sou pessoa teimosa. Continuo me inscrevendo. E vou aprendendo. O que já aprendi é que prefiro perder um projeto do que pagar para aqueles caras que vivem de fazer projeto.

Costumo acompanhar o resultado dos concursos aos quais me inscrevo. Feito aluno que presta vestibular, verifico os nomes da lista dos aprovados, pesquiso na internet, leio as obras depois, enfim, etapas do processo.

A minha alma pulsa. Santa Catarina merece que participemos do futuro que chega a cada minuto.

O pé de abóbora nasce de uma única semente caída na terra. A planta brota meio desengonçada. Cresce em baraço, folhas e flores. Quando menos se espera, o quintal está cheio de abóboras enormes e coloridas, feito um milagre!

In: jornal A Notícia, Anexo, p. 3 (09/02/2009)

Um comentário:

merry disse...

Suzana, que lindo esse final da abóbora! Só pessoas poéticas como você podem escrever desta forma tão inspiradora. Sonhadora ou como lá te nomeiem não desista mesmo, porque na sua veia corre mesmo sangue iluminado de quem só quer o bem, parabéns mais uma vez.