segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Lísias, Ruffato

Comprei no mesmo instante dois livros de dois autores brasileiros premiados e desatei a ler. Quando a leitura do primeiro passara da metade, larguei e peguei o outro. Antes de terminar a leitura do outro, retomei a do primeiro. Em menos de 24 horas, abrangendo parte de dois dias, com as devidas pausas, terminei as duas leituras.

Eu já tive uma fraca vontade de me suicidar, mas nunca colecionei nada, ao menos que eu me lembre. O céu dos suicidas, de Ricardo Lísias, é narrado em primeira pessoa, tem capa bonita, repleta de selos e algumas notas, percebe-se um zelo na concepção do livro, orelha esquerda com a foto do autor que é exatamente igual a como ele é ao vivo, ou ele não envelheceu depois de tirá-la. Na orelha direita uma resenha escrita por um professor da Universidade de Princeton (não li, digamos que, para não influenciar esta análise amadora). O céu dos suicidas é composto de capítulos curtos, começam numa página e terminam na página seguinte. A estampa (mancha) no papel é pequena, deixando espaço suficiente para o leitor descansar. Esse espaço gigante me agradou, podia dar um respiro longo, sentir paz e desejar paz ao personagem.

De que trata O céu dos suicidas? Poderia dizer que o protagonista se sente culpado pelo suicídio de um amigo. Mas não é somente disso que trata o romance. Poderia dizer que o romance faz uma crítica às religiões por não admitirem o céu aos suicidas, mas não é exatamente disso que a obra trata. O melhor a dizer é que o livro fala de coisas que acontecem com pessoas que sentem.

O livro Estive em Lisboa e lembrei de você, do Ruffato, estrutura-se em duas partes. Os parágrafos são longos, escrita corrida, diálogo entretecido no texto, mas destacado por aspas. Tem capa com fundo preto e galos coloridos (a minha ignorância pergunta se esses galos são Cataguases ou portugueses - no verso da página de rosto, nada encontrei a respeito da capa, além do “retina_78”). Traz nas orelhas a foto do autor, idêntica como ele é ou era, no Festival do Conto, onde comprei os livros.

O que essas duas obras tem em comum é que deixam pistas indicativas de serem histórias reais. Ruffato, por meio da nota inicial, declara que a história partiu de um depoimento minimamente editado. Ricardo Lísias depõe em palestras que escreveu o texto a partir do suicídio de um amigo, além de emprestar seu nome ao personagem.

A verdade é que os dois livros são obras perfeitas, bem acabadas. Obras de arte.

A inicial do nome de um, é inicial do sobrenome do outro. O que mais os escritores Luiz Ruffato e Ricardo Lísias tem em comum? Autógrafos ilegíveis.

2 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

Fiquei atraída pelo Céu dos suicidas...anotado.

beijos,

Cynthia Lopes disse...

Agora fiquei curiosa!
bjs