sábado, 20 de fevereiro de 2010

Catatau

respiro
o canto insiste
é cisne deslumbrante
tudo o mais em mim sucumbe
sou cântaro, pluma e pranto
camaleão-calígrafo sem rumo e alguma rima

a minha poesia é menor
dirá a crítica amanhã.
E de que me valerá,
se estarei morta?

não, não estarei morta
serei igual a borboleta
que se fingiu de porta

não quero ser famosa
nem dar entrevistas
muito menos que especulem minha vida

apenas meus poemas
podem ser especulados,
mastigados, lidos de mil modos -
minha melhor pele

fiz o caminho inverso dos outros poetas
vivi primeiro
a erudição veio depois
a arte me salvou a vida

um poema pode levar dias para ser concebido
também o contrário pode acontecer
diversos versos aflorarem de uma vez
é como se diversos espíritos de poetas mortos te visitassem
e colocassem nos teus dedos palavras comoventes

o poeta precisa da situação criadora
a qual não combina com fama
pode combinar com cama, clima, clamor
todo poeta é amor
em palavras
mesmo quando a palavra é dura
há os que precisam de palavras duras

de hoje em diante o meu amor será eterno e duro
desses que se levanta da cama com vontade de dormir
mas com rigidez se põe de pé e se encaminha
(ante a vontade de desistir), a estrela que me guia
a dizer: lá na frente está tua fantasia
o pote inexistente no arco-íris
faço de conta e tantas contas fiz
que nem me levo mais em conta

farei poemas doces
a arte é a única mentira verdadeira e pura
a arte e o mar e o rio e o céu estão em mim
feito perfume

13 comentários:

Rubens da Cunha disse...

tens em mim um igual...

Cynthia Lopes disse...

Caramba Suzana,
vc voltou com tudo!
Esperar valeu a pena,
pode crer, esse teu poema vive
e pulsa.
bjs

Anônimo disse...

Achei lindo! :)

amanda junqueira disse...

uow, muito legal esse texto, de verdade, muito bem escrito!
visite http://valvuladiescape.blogspot.com/

Sentimentos em Palavras disse...

Lindo , maravilhoso me identifiquei muito , flexivel e gostoso de se ler ... apaixonante ♥

ítalo puccini disse...

suzana,
simplesmente maravilhoso.

li, reli, treli.

o fazer poema como nunca havia lido.

Luiz disse...

Lindooo, muito expressivo, você sabe usar muito bem as palavras.,.,., creio que vai gostar de meu blog também passa lá ^^,
xD

CASSIANE SCHMIDT disse...

Simplesmente belo!!!Que maravilhosa a emoção de receber a visita de poetas de outras vidas, que sentam-se ao nosso lado, alfabetizando nossos corações, poesia.

Volto mais vezes aqui, se puderes me visita!!!

Abraços

Golby disse...

Tuas borboletas estão por toda a parte. Dentro de ti, fora de ti, no quintal. Te entendi perfeitamente prosapoeta. Quando crescer quero escrever assim, curando as almas por aí enquanto sangra. Um abraço fraterno.

Nádia Infanger disse...

Parabens Suzana!! Realmente suas poesias é de se emocionar... é linda!
Visite meu blog, comecei agora e um comentário seu será muito importante pra mim.

Beijos,
Nádia.
http://nadiabernardi.blogspot.com/

Marcela Arôxa disse...

Muito bonita essa poesia... especialmente porque o final proclama o otimismo... fazer "poemas doces", quem me dera!!! Sou o contrário, como diz uma poesia que escrevi...

"Ah, se eu pudesse, como um rio convergente
somar meus múltiplos egos
e me tornar una novamente!"

Aí sim talvez eu pudesse ser otimista... mal de poeta, quem sabe?
Admiro quem escreve e se mantém são!
Visite: http://euversuseumesmablog.blogspot.com

Calu Barros disse...

..."farei poemas doces
a arte é a única coisa verdadeira e pura..."
Sigo teu mesmo credo: as artes as letras, os dons maiores d'alma humana.Lindos!!!
Abraços,
Calu

laudy disse...

Nossa quanta sensibilidade...lindoooo.Parabéns!!!!