Clecio
dos Santos Bunzen Júnior apresentou um panorama da história da
leitura no mundo e no Brasil, por meio de textos e imagens, para que
a compreendemos e melhor nos conduzimos como mediadores de leitura,
pois um grande entrave nesse trabalho, segundo Clecio, é a crença
de que apenas na escola formamos leitores. Segundo ele, a escola se
apropriou de práticas de leitura que já existiam. Qualquer prática
de leitura está imersa na dimensão cultural, ou seja, por meio da
leitura nos apropriamos de valores, crenças, formas de agir e de
fazer. Formar o leitor literário é formar o leitor para ler o
mundo. Clecio é um encantador de plateias.
A leitura
se faz em rede, é preciso que o aluno saiba disso, tenha essa noção.
Ninguém nasce gênio, nos construímos ao longo da vida por meio da
linguagem: no início era o verbo. A obra não começa no livro, está
fora dele e dentro de diversos outros livros. O escritor é um mero
catalisador dessa literatura preexistente, afirma Paulo Venturelli,
autor do premiado Visita
à
baleia.
Ele quis desmistificar a ideia do gênio que nasce pronto, para que
assim nos apropriemos da literatura, antes elitizada e, por meio
dela, nos tornemos mais, visto que a fala, o texto, constitui o que
seremos. Paulo revelou que foi um professor de português que o
incentivou na leitura e na escrita, ao elogiá-lo diante dos colegas
da escola, mola propulsora para o transformar de menino gago a
escritor premiado.
Não
estamos muito acostumados a ouvir poetas. Estamos mais acostumados a
ouvir teóricos. E quando um poeta fala da sua teoria interior, a
partir dos grunhidos musicais, o que acontece? Alexandre Brito, autor
do excelente O
museu
desmiolado,
é poeta em tempo integral. Se ele pretendia levar a plateia ao
estado de poesia, a sentir a catarse do poema em criação, deve ter
conseguido. Citou alguns poemas que o marcaram, como o Jaguadarte
de Lewis Carroll e brindou os participantes com diversos poemas de
sua autoria, confidenciado detalhes do processo de criação, pois
segundo ele, uma coisa leva a outra. Alexandre Brito britou e brotou
poemas na noite do PROLER.
Sueli
Cagneti deixou claro que é apaixonada por leitura e conhecedora do
assunto. Demonstra isso no jeito empolgado que apresenta os textos
para a plateia, despertando emoção, aplausos e também gargalhadas.
Se alguém tinha dúvida de que os adolescentes possam gostar de ler,
deixou de ter. Ela me fez lembrar da personagem Mary Poppins, dá
vontade de levá-la para sempre nos acompanhar (feito fada), só para
ouvi-la ler e nos incentivar nesse trabalho de mediadores de leitura,
que tem algumas pedras, mas muitas flores.
Clecio,
Paulo, Alexandre, Sueli, o PROLER agradece a vinda de vocês,
obrigada! Nosso agradecimento aos artistas das apresentações
culturais. Participantes das mais diversas cidades do Vale de Itajaí,
obrigada pela presença, voltem sempre. Aos parceiros, nosso sincero
agradecimento. Ao Comitê, vamos em frente: semeando, aprendendo,
construindo, de repente, ao longo do caminho: floemas.